“A TUA FÉ TE SALVOU”
Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen (RS)
Neste 30º Domingo do Tempo Comum, somos convidados a refletir sobre a humildade e a necessidade de misericórdia diante de Deus. As Leituras de hoje nos apresentam a figura do publicano, que, reconhecendo sua condição de pecador, clama pela misericórdia divina. Este tema é central na vida cristã, pois nos lembra que todos somos necessitados da Graça de Deus.
A 1a Leitura deste Domingo (Jeremias 31, 7-9) nos traz uma mensagem de esperança e restauração. O Senhor promete trazer de volta o seu povo, que havia sido disperso. Ele se apresenta como um pai que cuida de seus filhos, mostrando que a misericórdia de Deus é infinita. Este retorno é um convite à conversão e à confiança na bondade divina. Assim como o povo de Israel, também somos chamados a reconhecer nossas falhas e a buscar a reconciliação com Deus, que sempre nos acolhe de braços abertos.
O Salmo Responsorial (Salmo 126) expressa a alegria do retorno do exílio e a ação de graças a Deus. “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria.” Este salmo nos convida a refletir sobre as bênçãos que recebemos e a importância de reconhecer a ação de Deus em nossas vidas. A alegria do povo é um reflexo da misericórdia divina, que transforma a tristeza em alegria. É um lembrete de que, mesmo em tempos difíceis, Deus está presente e nos oferece esperança.
Na 2a Leitura (Hebreus 5, 1-6), o autor da Carta aos Hebreus nos fala sobre o sacerdócio de Cristo, que se compadece de nossas fraquezas. Ele é o sumo sacerdote que, por meio de sua própria experiência de sofrimento, pode interceder por nós. Essa intercessão é um sinal da misericórdia de Deus, que se faz próximo de nós em nossas dificuldades. A leitura nos convida a confiar em Jesus, que nos entende e nos acolhe, e a nos aproximarmos dele com um coração humilde.
No Evangelho (Marcos 10, 46–52), encontramos a história de Bartimeu, o cego que clama por Jesus. Sua fé e humildade são exemplares, pois ele não se deixa abalar pelas multidões que tentam silenciá-lo. Bartimeu reconhece sua necessidade e, ao ser chamado, se levanta e vai até Jesus. A resposta de Jesus é imediata: “A tua fé te salvou.” Este relato nos ensina que a verdadeira visão vem do reconhecimento de nossa condição de pecadores e da confiança na misericórdia de Deus. A fé de Bartimeu é um convite para que todos busquemos a cura espiritual e a iluminação que só Cristo pode oferecer.
Ao refletirmos sobre as leituras de hoje, somos desafiados a cultivar a humildade em nossas vidas. Aqui estão algumas sugestões práticas:
Exame de Consciência: Reservar um tempo diariamente para refletir sobre as próprias ações e pedir perdão a Deus pelas falhas cometidas.
Prática da Misericórdia: Buscar oportunidades para praticar a misericórdia com os outros, seja através do perdão, da ajuda a quem precisa ou da escuta atenta.
Participação na Comunidade: Engajar-se em atividades comunitárias que promovam a solidariedade e o apoio aos mais necessitados, lembrando que todos somos irmãos e irmãs em Cristo.
Oração pela Humildade: Pedir a Deus, em oração, a graça de reconhecer a própria fragilidade e a necessidade de sua misericórdia, assim como fez Bartimeu.
Que este domingo nos inspire a viver com um coração aberto, sempre buscando a luz de Cristo em nossas vidas e a força da Sua misericórdia.
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