PRESIDENTE DA CNBB CELEBRA MISSA DE ABERTURA DO 53º CONGRESSO EUCARÍSTICO INTERNACIONAL EM QUITO, NO EQUADOR
A cidade de Quito, no Equador, recebe pessoas de todo o mundo, de 8 a 15 de setembro, para o 53º Congresso Eucarístico Internacional. As conferências episcopais foram orientadas a nomear delegados para a participação no evento. Do Brasil participa o arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (Celam), dom Jaime Spengler.
Além de bispos, o congresso recebe leigos, religiosos, pessoas consagradas e sacerdotes. A programação tem apresentações, depoimentos, oficinas e debates, e também celebração da Eucaristia em igrejas patrimoniais do Centro Histórico de Quito.
Na abertura do evento, no dia 8 de setembro, dom Jaime Spengler celebrou missa para dar início às atividades. Na homilia, o prelado brasileiro refletiu sobre o chamado à fraternidade que é alimentada, segundo ele, “pelo corpo e sangue do Senhor” com o propósito de salvar a humanidade: “uma fraternidade que se reúne em assembleia ao redor da mesa da Palavra e do Corpo do Senhor”. Ao participar da Eucaristia, acrescentou ele, “expressamos nossa participação na própria vida do Senhor, formamos fraternidade e somos irmãos e irmãs”.
Vivemos em um mundo ferido
O presidente da CNBB comentou sobre o mundo convulsionado que tem uma grande ferida por conta da pobreza e da fome. Acrescentou a essa dor, a crise ecológica que a humanidade está sofrendo: “uma ferida que somos convidados a curar porque somos a ponte entre Deus e o mundo”.
A partir daí, disse ele, somos todos responsáveis pela criação e lembrou que a possibilidade do futuro da humanidade dependerá das ações e decisões que o homem tomar para cuidar da casa comum. “Ao tomar o mundo em nossas mãos, integrando-o criativamente e remetendo-o a Deus, cooperamos para libertar a criação de seus limites, curando as feridas e, assim, promovendo a vida”.
A Eucaristia e a criação
Em outro aspecto, ele afirmou que a crise ecológica pela qual a humanidade está passando está relacionada à perda da sacralidade dos elementos da natureza na cultura. Dom Jaime então observou que muitos poderiam se perguntar: “o que isso tem a ver com a Eucaristia?”. Ele respondeu que a Igreja sempre entendeu a Eucaristia como a ação de toda a assembleia reunida, ou seja, de toda a Igreja em favor da vida e da construção da fraternidade.
“O caráter fundamental da Eucaristia é que ela é uma reunião e uma ação na qual se contempla e se vive todo o mistério de Cristo, ou seja, a salvação do mundo, promovendo a fraternidade universal! A Eucaristia não nos afasta do mundo. Pelo contrário, ela nos leva ao mundo. A Igreja sempre reconheceu um forte vínculo entre a Eucaristia, a vida comunitária, a sociedade e a criação”, disse ele.
Na mesma linha e em conclusão, o arcebispo de Porto Alegre lembrou que no próximo ano a COP30 será realizada na cidade de Belém, no Brasil, uma oportunidade privilegiada, disse ele, para que todos se mostrem como “sacerdotes da criação: em um mundo ferido, mas determinados a oferecer ao Pai os dons da criação; dispostos a cooperar na cura das feridas do mundo; prontos para dar testemunho do poder do amor que dá vida a todas as coisas”.
Fraternidade humana
Com o tema “Fraternidade para curar o mundo”, o 53º Congresso Eucarístico Internacional propõe-se a refletir sobre a Eucaristia e vivê-la como lugar de fraternidade capaz de curar o planeta. No texto-base preparado para auxiliar as reflexões que antecedem o encontro, é apresentada a ideia de que a fraternidade humana não seja somente um sonho, mas que encontre “uma maneira de se concretizar a partir da celebração eucarística”.
“O dom pascal do Senhor Ressuscitado, que está no coração de cada Missa e do culto eucarístico da qual adquire o seu significado, ao mesmo tempo que sara as nossas feridas, ajuda-nos a cuidar de cada irmão e irmã”, escreveu dom Alfredo José Espinoza Mateus, arcebispo de Quito e primaz do Equador.
A escolha do local
A arquidiocese de Quito foi escolhida para sediar este Congresso Eucarístico Internacional por ocasião do 150º aniversário da Consagração do Equador ao Sagrado Coração de Jesus (25 de março de 1874). Na cidade, em 1886, já se tinha realizado o primeiro Congresso Eucarístico Nacional.
O texto-base do Congresso Eucarístico utiliza a imagem da tenda, também presente nas reflexões do Sínodo sobre a Sinodalidade, para abordar a acolhida aos participantes do Congresso e a proposta reconciliadora e curativa a partir da Eucaristia:
“Na plenitude dos tempos, Deus Pai deu-nos o seu Filho Jesus Cristo, o Verbo Encarnado, que se ofereceu até à cruz pela nossa redenção, vencendo o pecado e a morte e tornando-se ao mesmo tempo pão e pastor das nossas vidas. Cristo é o pão de Deus que nos irmana e nos reconcilia para que quem caminha connosco deixe de ser um estranho no caminho, mas seja reconhecido como próximo e companheiro de viagem. E desde a tenda da Eucaristia, da oferta da vida para que outros tenham vida, do perdão aos verdugos, precisamente, onde se consuma a sua violência, a presença do Senhor gera comunidades cristãs onde se aprende sempre de novo a promover o diálogo, a reconciliação e a paz, o caminho para curar este mundo ferido pelo ódio, a inimizade e o egoísmo”
E continua:
“Localizada na latitude zero, no ‘meio do mundo’, estende a sua tenda até se tornar numa imensa tenda eucarística onde todos são convidados a partilhar este grande sonho de uma fraternidade redimida e curada pelo amor total de Cristo”.
Por Larissa Carvalho com colaboração de Luz Marina Medina/ADN Celam. Fotos: Comunicação do Congresso Eucarístico
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