ÁFRICA
IMBISA realiza seminário sobre sinodalidade para Reitores dos Seminários
Sheila Pires – África do Sul, para o Vatican News
O seminário – em que estiveram presentes 3 bispos, 22 sacerdotes e 3 leigos - tinha, entre outros, como objetivo: criar entre os participantes uma compreensão profunda do espírito e da prática da sinodalidade e do uso da conversação em espírito como um modo habitual de proceder na igreja; enriquecer as capacidades de liderança dos participantes, explorando os princípios e práticas da liderança sinodal e abordando questões de clericalismo e abuso de poder; promover o diálogo e a partilha de ideias entre formadores de diferentes seminários da IMBISA.
O seminário foi orientado por Dom Masilo John Selemela, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Pretória, África do Sul, Dom John Tlhomola SCP, Bispo da Diocese de Mohale's Hoek, Lesoto, pelo Padre Marcel Uwineza, SJ, Reitor do Hekima University College, Quénia, e por Sheila Pires, delegada no Sínodo em curso sobre a Sinodalidade e Coordenadora dos Meios de Comunicação social da Conferência dos Bispos Católicos da África Austral (SACBC).
Sinodalidade não consiste em fazer declarações
No que diz respeito à introdução ao método do diálogo espiritual, o ponto de partida foi a gratidão pelo facto de o Espírito de Deus estar a atuar em mim, nos outros e na Igreja. Começámos por reconhecer o amor de Deus por nós. Devemos estar atentos à comunicação verbal e não-verbal. A sinodalidade não consiste em fazer declarações, diz o Papa Francisco, mas em ouvirmo-nos uns aos outros. Há aqui duas atitudes fundamentais: a escuta ativa e a conversa do coração. O objetivo da conversa é criar um ambiente onde todos possam falar sem medo e ser escutados sem preconceitos. A sinodalidade é a vida da Igreja.
Liderança pastoral sinodal
Sobre a liderança pastoral sinodal, aprendemos que a liderança é a capacidade de fazer a diferença na nossa vida e na dos outros. O papel de um líder é muito importante para ajudar o grupo a ser eficaz. Um líder deve ter coragem para decidir, mas isso deve ser feito depois de consultar todas as partes interessadas. O líder deve criar um ambiente em que todos os membros da equipa possam falar sem medo. Também não deve ter medo de conflitos, porque os conflitos ajudam-nos a crescer e a encontrar soluções para os nossos problemas. Deve ter uma visão clara e objetiva.
Sinodalidade e método da conversação no espírito
No segundo dia, refletimos sobre a necessidade de "cultivar e liderar comunidades pastorais sinodais e a espiritualidade do caminhar juntos", pelo Padre Marcel, e sobre "o valor dos organismos colegiais na Igreja", pelo Bispo Masilo Selemela, bispo auxiliar de Pretória, ele próprio antigo reitor do Seminário de S. João Vianney em Pretória, na África do Sul.
O Padre Marcel analisou o espírito do sínodo, inspirado no método da conversação no espírito. Apercebemo-nos de que o líder deve tomar decisões inclusivas que podem ser amplas e abrangentes, não só incluindo o pessoal da formação, mas também as pessoas de fora. O líder tem de prestar contas e ser responsável.
Igreja sinodal onde todos se sintam acolhidos
O Bispo Masilo conduziu-nos através do estudo da eclesiologia, começando pelos fundamentos e pelo desenvolvimento da eclesiologia que conduz à Igreja sinodal onde todos se sentem acolhidos na igreja, a igreja que vive a espiritualidade da comunhão. Esta comunhão só pode ser visível e concreta quando nos apercebemos que a Igreja local está na Igreja universal e a Igreja universal está na Igreja local. Esta comunhão é um reflexo das Pessoas da Trindade que existem em comunhão. Não podemos falar da Igreja local e universal ignorando os organismos colegiais, porque estes também contribuem para a comunhão eclesial.
No terceiro dia, a equipa IMBISA perguntou o que cada Reitor vai fazer quando regressar aos seus respectivos seminários. Perguntaram também o que vão fazer com a informação que adquiriram enquanto Região IMBISA.
Plano de ação e recomendações
Os Reitores comprometeram-se a partilhar com os seus colegas formadores o que aprenderam durante o seminário. O trabalho conjunto na Região será reforçado por um programa de intercâmbio de seminaristas. Também criaremos plataformas online para o trabalho em rede. As dioceses com mais de um seminário podem reunir-se ao seu próprio nível para que a visão possa ser partilhada por todos. Todos nós podemos realizar esta necessidade e reconhecemos que podemos trabalhar em conjunto. A partilha de experiências é importante e os encontros anuais também nos ajudarão a ter uma formação uniforme a nível regional.
Para dar seguimento a este importante evento da Igreja na Região da IMBISA foram feitas algumas recomendações: os formadores são encorajados a utilizar o método da conversa em espírito para desenvolver uma cultura da escuta, incluir as mulheres na formação dos futuros sacerdotes, reimaginar um currículo que inclua curso/s sobre sinodalidade na Região, reuniões alternadas dos Reitores e Formadores na Região da IMBISA, entre outras.
Dentre os frutos do seminário, os organizadores exprimiram o desejo de publicar um documento baseado nas apresentações feitas durante o workshop para uso em todos os Seminários e faculdades de Teologia da Região.
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