A Paróquia da cidade define programação que traz a história da primeira vez em que o presépio foi vivenciado
Canindé A cidade conhecida internacionalmente por abrigar o maior Santuário Franciscano das Américas traz, na sua história, um Natal diferenciado. Na sua programação, relembra o criador do presépio, seu padroeiro, São Francisco. O primeiro presépio foi feito por São Francisco na noite de Natal de 1223, em um monte junto da aldeia de Greccio, na Itália.
Na Santuário Franciscano, os párocos explicam a origem da tradição de arrumar José, Maria e Jesus na manjedoura FOTO: ANTÔNIO CAROS ALVES
Este ano, a Paróquia de São Francisco das Chagas mudou o local da celebração de Natal por conta da reforma na Praça dos Romeiros. A solenidade religiosa acontecerá na Praça da Basílica, às 23h, do próximo dia 24. Será presidida pelo pároco e reitor, frei João Amilton dos Santos. Durante todo o dia, acontecerão missas na Quadra Coberta da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes às 6h, 9h, 11h, 16h e 18 horas. As confissões serão feitas no Complexo São Damião das 7h às 10h30 e das 14h às 16h30. No dia de Natal, as celebrações serão realizadas às 6h, 9h, 16h e 18 horas.
História
Diferentes biógrafos relatam a história de São Francisco com o criador do presépio. Contam que o seu amigo João, dono de latifúndio, emprestou um boi e um jumento; o povo correu com archotes; o jovem Francisco, então diácono, proclamou e explicou o Evangelho.
Dizem os biógrafos que, ao pronunciar o nome de Jesus, o santo passava a língua pelos lábios como que a saborear mel; ao dizer Belém, a sua voz balia como a de um cordeiro; e quando pegou no Menino ao colo, a imagem de Jesus, em barro, animou-se e sorriu-lhe. Mais do que nenhuma outra festividade, celebrava com tanta alegria o nascimento do Menino Jesus e chamava "festa das festas" ao dia em que Deus, feito Menino, se amamentava como todos os filhos dos homens. Beijava mentalmente, com esfomeada avidez, as imagens do Menino que o espírito lhe construía. Ele, estranhamente compadecido, balbuciava palavras de ternura, à maneira das crianças. E o seu nome era para ele como um favo de mel.
Um dia, estando os irmãos a discutir se poderiam ou não comer carne, dado que o Natal, este ano, caía à sexta-feira, respondeu Francisco a frei Morico: "Irmão, é um pecado chamar dia de Vênus ao dia em que nasceu para nós o Menino. Desejaria que, em semelhante dia, até as paredes comessem carne, mas, como não é possível, sejam ao menos untadas com gordura".
Avezinhas
Queria que nesse dia, os ricos dessem comida abundante aos pobres e famintos, e que os bois e jumentos tivessem mais penso que o habitual. "Se eu falasse com o Imperador, pedir-lhe-ia que promulgasse um édito geral para que todos os que pudessem fossem obrigados a espalhar trigo e outros cereais pelos caminhos, para que, em tão grande solenidade, as avezinhas, sobretudo as irmãs cotovias, comessem com abundância", disse, à época, para frei Morico.
Não conseguia reprimir as lágrimas ao pensar na extrema pobreza que padeceu nesse dia a Virgem Senhora pobrezinha. Uma vez, estando sentado à mesa a comer, e tendo um irmão recordado a pobreza da bem-aventurada Virgem e de seu Filho, imediatamente, se levantou a chorar e a soluçar. Com o rosto banhado em lágrimas, comeu o resto do pão sobre a terra nua.
O bem-aventurado Francisco festejava com mais solenidade o Natal do que as outras festas do Senhor. Ele explicava que, embora nas outras solenidades o Senhor tenha operado para salvação de todos, no dia em que Ele, todos os cristãos puderam ter a certeza de que todos estariam salvos. Por isso, queria que no dia de Natal todos louvassem Jesus. "Por amor daquele que se deu por nós, todo o homem deve dar com generosidade do que lhe pertence, não só aos pobres, como também aos animais e aves do céu", proclamava ele.
Historiadores relatam que, na primeira vez que Francisco apresentou a ideia do presépio, ele contou com o apoio do amigo João, um próspero senhor da localidade de Greccio.
Primeira louvação
Aconteceu três anos antes de sua morte. Uns 15 dias antes do Natal, Francisco mandou chamar João, dizendo-lhe: "Se queres que celebremos em Greccio o próximo Natal do Senhor, vai imediatamente e começa já a prepará-lo como vou dizer. É meu desejo celebrar a memória do Menino que nasceu em Belém de modo a poder contemplar com os meus próprios olhos o desconforto que então padeceu e o modo como foi reclinado no feno da manjedoura, entre o boi e o jumento´´.
Ao ouvir isto, o fiel e bondoso amigo, partiu apressadamente a fim de preparar no lugar designado tudo o que Francisco acabava de pedir.
E o dia chegou com muita festividade. Foram convocados irmãos dos vários conventos em redor. Homens e mulheres da região prepararam, como puderam, círios e archotes para iluminarem aquela noite que viu aparecer no céu, a Estrela que havia de iluminar todas as noites e todos os tempos.
Por fim, chega Francisco. Vê que tudo está a postos e fica radiante. Lá estava a manjedoura com o feno e, junto dela, o boi e o jumento. Ali, receberia honras a simplicidade. Explicava que no local seria a vitória da pobreza, ali se aprenderia a lição melhor da humildade. Greccio seria a nova Belém.
Eucaristia
A noite resplandecia como o dia. Foram chegando muitas pessoas. Erguem-se vozes na floresta. Os cristãos presentes entoaram louvores do Menino Deus, que durou por toda aquela noite.
É celebrado o rito solene da Eucaristia sobre a manjedoura. Francisco reveste-se com os paramentos diaconais. Com voz sonora, canta o Evangelho. A sua voz potente e doce, límpida e bem timbrada, convida os presentes às mais altas alegrias.Pregando ao povo, tem palavras doces como o mel para evocar o nascimento do Rei pobre e a pequena cidade de Belém. Por vezes, ao mencionar a Jesus Cristo, chamava-lhe o "Menino de Belém".
Quando chamava assim passava a língua pelos lábios, como para saborear e reter a doçura de tão abençoados nomes. Nesta primeira vez, foi como se ali estivesse o próprio Deus em criança.
Mais informações
Canindé celebra Natal com solenidade na Praça da Basílica às 23h do próximo dia 24. Ao longo do dia, missas na Quadra Coberta da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes
ANTÔNIO CARLOS ALVES
COLABORADOR
(Fonte: Diário do Nordeste - Fortaleza - CE)
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