IGREJA
Itália. No Festival da Comunicação, a relação entre inteligência artificial e ética
Vatican News
“Onde tu desenhas confins, eu vejo horizontes”. Citou a pintora Frida Kahlo, dom Derio Olivero, bispo de Pinerolo, na região italiana do Piemonte - noroeste da Península -, ao introduzir a conferência “Inteligência artificial e comunicação: um desafio entre produtividade e ética”, evento inaugural do 19º Festival da Comunicação, organizado pelos Paulinos e Paulinas da diocese piemontesa e inspirado na mensagem do Papa Francisco para o 58ª Dia Mundial das Comunicações Sociais sobre esse tema. “Devemos tentar vislumbrar horizontes”, disse dom Olivero, “porque pensar em inteligência artificial significa ver o futuro. Parece um confim, mas a tarefa dos adultos é sempre ver os horizontes e sempre ter que escolher.”
Não devemos perder a humanidade
“Toda nova forma de linguagem oferece oportunidades, mas também situações críticas”, explicou padre Giuseppe Lacerenza, responsável da sociedade de São Paulo para o Festival, que se realizará até 20 de maio e do qual a Rádio Vaticano e Vatican News são parceiros de mídia. “Somos chamados como seres humanos a ter a capacidade crítica de verificar, avaliar e extrair o melhor daquilo que a engenhosidade humana nos oferece. E podemos fazer isso a partir do coração, como nos diz o Papa Francisco”. “Não devemos perder a humanidade”, reiterou Lacerenza, “devemos conhecer e nos aprofundar nos novos modos de comunicação para o bem comum, a fim de adquirir uma comunicação puramente humana”.
Entender como a IA funciona
O jornalista Alberto Puliafito, diretor de SlowNews, autor da newsletter “Artificial” na Internacional e usuário de IA desde a segunda metade dos anos 1990, explicou do que se trata quando se fala de Inteligência Artificial. Em termos mais simples, se trata de “máquinas treinadas para uma tarefa que realizam” e, portanto, é necessário entender como funcionam para poder fazer o melhor uso delas. As chamadas IAs generativas, ou seja, aquelas que criam textos, imagens e vídeos, por exemplo, são “máquinas probabilísticas e não determinísticas como as calculadoras”, elas nunca dão o mesmo resultado e, portanto, é necessário entender o que esperar delas. Na origem está uma questão de confiança no meio de comunicação, não muito diferente da confiança que se tem ou não se tem na mídia tradicional. São, portanto, ressaltou Puliafito, “tecnologias que nos permitem pensar sobre o tipo de sociedade que construímos”.
Riscos, investimentos e consumo
Os investimentos em inteligência artificial, disse o professor Guido Boella, vice-reitor da Universidade de Turim e cofundador da Sociedade Italiana para a Ética da IA, são da ordem de trilhões e os investimentos em empresas como a OpenAI são maiores do que o PIB de qualquer país do mundo, exceto os Estados Unidos e a China. Os custos ambientais de seu desenvolvimento também não devem ser subestimados. O processo de aprendizado de máquina, ou seja, o aprendizado de dados pelos algoritmos, requer computadores funcionando por meses, com consumo igual ao de estados como a Suécia. A resposta a uma única pergunta feita a programas como o ChatGPT, por exemplo, consome tanto quanto uma recarga de celular. Boella explicou que também deve ser analisada a comunicação do mundo da IA, que está em desenvolvimento há mais de trinta anos. Fala-se de conceitos como o chamado 'X-Risk', riscos existenciais, que pressupõem a extinção da humanidade se ela fosse governada pela IA, embora atualmente não haja sinais de que o mundo esteja caminhando nessa direção. O algoritmo é uma realidade abstrata, mas o que é decisivo é o programa que o implementa, acrescentou Boella, e isso é feito pelo homem. A tecnologia não resolve nenhum problema por si só, foi a conclusão, no centro está sempre o homem e uma solução responsável só pode ser uma solução política.
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