sexta-feira, 29 de março de 2024

CARLASSARE: SUDÃO DO SUL, QUE A PÁSCOA NOS DÊ CORAGEM PARA FAZER ESCOLHAS DE PAZ E FRATERNIDADE

 VATICANO

Carlassare: Sudão do Sul, que a Páscoa nos dê coragem para fazer escolhas de paz e fraternidade

O país vive uma condição de extrema pobreza, mas o bispo de Rumbek reitera que é grande a solidariedade que vem da população humilde e simples. Explica que "a visita do Papa trouxe vários frutos" e espera que a Páscoa "liberte todos de todo pessimismo e medo".

Massimiliano Menichetti

As imagens do Domingo de Ramos, em Rumbek, correram o mundo: o bispo da cidade carregando um menino nos ombros, ao redor a população jubilosa. Aqui, na cidade mais importante do Estado de Lagos, no Sudão do Sul, um dos países mais pobres do mundo, a Páscoa é um caminho de esperança não só para os cristãos. O Papa visitou o país africano, dilacerado pela violência e pela pobreza, em fevereiro do ano passado, invocando a paz, a justiça e a solidariedade. Hoje, explica o bispo de Rumbek, Christian Carlassare, “há uma grande participação na Via-Sacra que dura toda a manhã” e conta com a presença não só de cristãos.

Excelência, como se realiza essa oracão em Rumbek e como se preparam para a Páscoa?

Ela é feita pelas ruas da cidade com um grande número de pessoas e com os jovens cuidando das estações, fazendo uma espécie de representação dos personagens da Paixão do começo ao fim. Assim, Jesus com a cruz e todos os outros personagens abrem a procissão e, nas estações, eles retratam o que vai acontecer, enquanto os leitores leem as passagens bíblicas. E, realmente, todas as pessoas, mesmo as não cristãs, participam dessa representação com grande emoção, tanto que também vemos pessoas que batem no peito, choram e se lamentam por essa história de Jesus que se repete na vida dessas pessoas. Portanto, uma oração que também tem uma grande força de libertação porque as pessoas se identificam com ela e sentem que o sofrimento de um justo pode dar esperança a tantas outras. Depois, concluiremos com a Vigília e a Missa Pascal. Na Vigília Pascal, a bênção do fogo é muito bonita porque sempre tentamos abençoar o fogo novo, um fogo que não foi preparado de antemão, mas que nasce exatamente durante a liturgia por meio do método tradicional de esfregar gravetos até que a faísca do novo fogo comece. É isso que Deus é capaz de fazer por nós: onde há noite, ele traz luz, onde há morte, ele traz vida nova.

As imagens do Domingo de Ramos em Rumbek entraram no coração de muitas pessoas: uma procissão em que o senhor carrega um menino nos ombros...

Foi um gesto que nasceu espontaneamente. Na África, as pessoas gostam de representar e viver os eventos e geralmente no Domingo de Ramos, eles usam um burro na procissão, e o sacerdote montado no burro representa Cristo. Em Rumbek, no entanto, não temos burros, então, no ano passado, fizemos uma procissão simples, como estamos acostumados na Itália. Mas nunca antes me senti como um burro, chamado ao serviço para carregar os fardos como Jesus carregou os nossos, para carregar em minhas costas esta diocese e todas as pessoas que são feridas, descartadas ou escarnecidas. Assim, quando a freira encarregada da sacristia me disse que faltava o burro, eu lhe disse: "Não se preocupe, serei eu o burro". Então, peguei um menino e o carreguei nos ombros até a catedral. Ninguém ficou surpreso com esse gesto porque é assim que se faz aqui, quando uma pessoa importante vem visitar o vilarejo - não há outro meio -, você a coloca nos ombros e a carrega. Isso é o que teriam feito com Jesus se a entrada em Jerusalém tivesse sido aqui: eles o teriam levantado, pelo menos os discípulos, e o teriam carregado até a cidade. Assim, para o povo, isso tinha um valor simbólico muito bonito: um menino carregado nos ombros, simbolizando a esperança de uma comunidade renovada.

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29 março 2024, 13:43
FONTE: Massimiliano Menichetti


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