IGREJA
Patriarca Sako interrompe exílio e retorna a Bagdá, encontros com autoridades
Vatican News
Um dia de festa para os cristãos iraquianos e, em particular, para a comunidade caldeia na capital: ao cair da tarde desta quarta-feira, 10 de abril, chegou ao fim o exílio autoimposto do patriarca caldeu, cardeal Louis Raphael I Sako, que havia deixado a sede patriarcal de Bagdá em julho para se mudar temporariamente - mas sem data certa - para Irbil, no Curdistão iraquiano. Foi uma decisão repentina, quanto clamorosa, ligada à disposição controversa do chefe de Estado Abdul Latif Rashid de retirar o decreto presidencial emitido por seu antecessor e que lhe conferia a autoridade - também e sobretudo em nível legal - de patriarca.
A referência é ao Decreto 147, assinado em 10 de julho de 2013 por Jalal Talabani, que pode ser equiparado a uma espécie de "reconhecimento institucional" do cargo de primaz; ele sancionava a nomeação pontifícia do cardeal como chefe da Igreja caldeia "no Iraque e no mundo", além de ser também "responsável pelos bens da Igreja". E é precisamente nesse ponto, como uma fonte eclesiástica no Iraque explicou à AsiaNews meses atrás, que se desenrolava todo o caso: o controle dos bens e das propriedades dos cristãos e da Igreja que acabou na mira do autodenominado líder cristão Rayan, o caldeu, e de suas milícias ligadas ao Irã e ativas na planície de Nínive.
Denunciando uma campanha "deliberada e humilhante", o cardeal transferiu temporariamente a sede patriarcal da capital para Irbil; um protesto clamoroso contra uma decisão que diz respeito "somente à Igreja caldeia" e "essa é a questão subjacente", como o próprio cardeal denunciou. A medida do presidente Rashid enfraqueceu o papel e a autoridade da Igreja, desconsiderando uma tradição secular para atacar a mais alta autoridade católica local, que também é responsável pela administração dos bens e propriedades eclesiásticas. Uma luta pelo poder liderada por Rayan e seus milicianos - uma galáxia variada que inclui xiitas, cristãos e sunitas - e que representa uma ameaça à paz e à coexistência. O mesmo autodenominado líder se mostrou em foto e vídeo com o Papa Francisco no final de uma audiência geral da quarta-feira e usou a imagem do Pontífice em seus canais sociais para reivindicar uma autoridade moral e religiosa inexistente.
Em uma entrevista à referida agência de notícias semanas atrás, o cardeal Sako classificou a retirada do decreto como um "assassinato moral" e a transferência da sede patriarcal para Irbil como um "protesto extremo", chegando a especular sobre o boicote às eleições. "Só voltarei a Bagdá – havia afirmado - quando o decreto for retirado. Nossa Igreja tem dado muito ao Iraque, desde a visita do Papa até a ajuda humanitária aos muçulmanos na época do autodenominado Estado Islâmico, até mais do que a reservada aos cristãos. Hoje, o agradecimento das instituições é punir o patriarca e uma comunidade inteira". O purpurado também não poupou críticas ao "silêncio" de Roma sobre o assunto, apesar de a diplomacia Vaticana ter dito que estava acompanhando de perto o caso e trabalhando nos bastidores a fim de encontrar uma "solução" para a controvérsia para "o bem" da comunidade cristã iraquiana.
O ponto de viragem ocorreu esta quarta-feira, com o retorno a Bagdá acompanhado por dom Thomas Meram e recebido em sua chegada ao aeroporto no salão de honra do primeiro-ministro, depois a transferência para a sede patriarcal em um comboio de carros. Ali, para recebê-lo, estavam o auxiliar de Bagdá, dom Basil Yaldo, dom Shlemon Warduni, os sacerdotes e os funcionários da Sé, seguidos por alguns encontros que continuaram na manhã desta quinta-feira com várias autoridades. Nesse meio tempo, a notícia repercutiu na web, com comentários entusiasmados de centenas de católicos iraquianos, muitos deles nas páginas sociais do patriarcado: "És o símbolo da nossa Igreja", escreve Yousif Awnie Khadoor; "graças a Deus ele voltou são e salvo para a sua Sé", acrescenta Raeed Aessa, enquanto Manhal Alsanati enfatiza os sentimentos de "orgulho e gratidão" com os quais "damos as boas-vindas a casa". Um retorno que fortalece o espírito de pertencimento e unidade"; "Agradecemos pelas posições que assumiu e pelos esforços que está fazendo pela Igreja e pelos fiéis", diz Adnan A. Mansor Koro, enquanto Amanj Nissan conclui: "Deus abre uma porta para resolver todas as questões estagnadas, e a água retorna ao seu curso natural".
A satisfação também é expressa por representantes do cenário político e institucional iraquiano, incluindo o aiatolá Abdul Aziz al-Hakim, líder do Conselho Supremo Islâmico do Iraque. Em uma mensagem nas mídias sociais, o líder xiita diz: "Estamos muito satisfeitos com o retorno" do patriarca e "ao recebê-lo, esperamos que todas as diferenças pendentes sejam resolvidas", expressando, ao mesmo tempo, "nosso grande orgulho pelas famílias cristãs" que completam o mosaico iraquiano.
(com AsiaNews)
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