MORTE DE FRANCISCO
Muito tempo antes, Francisco ficou sabendo a hora de sua morte, e quando ela estava próxima, comunicou aos Irmãos que deixaria em breve seu corpo, essa tenda em que sua alma havia feito acampamento, como lhe revelara o Senhor. Dois anos depois de receber os estigmas, vinte anos após sua conversão, pediu para ser transportado a Santa Maria da Porciúncula a fim de pagar seu tributo à morte e receber em troca e em recompensa a eternidade, no mesmo local em que, pela Mãe de Deus, ele mesmo conhecera o espírito de graça e de perfeição. Chegado a esse locai e querendo mostrar pelo exemplo que nada tinha de comum com o mundo, nesta doença que deveria ser a última, mandou que o colocassem nu sobre a terra, a fim de nesta última hora, em que o inimigo desfecharia talvez contra ele o último assalto, ele pudesse lutar nu contra um adversário nu. La estava ele deitado, atleta nu, sobre a terra e na poeira, a mão levada à chaga do lado direito para ocultá-la aos olhares dos presentes, fixando o céu, como gostava de fazer, fisionomia tranquila e aspirando com todas as veras de sua alma à glória eterna. Começou então a louvar o Altíssimo por tanta glória: a de ir para ele inteiramente livre, desembaraçado de tudo.
Aproximava-se a hora. Mandou vir todos os Irmãos presentes então na Porciúncula e com algumas palavras de consolo para amenizar-lhes o pesar, exortou-os de todo seu coração de pai a amar a Deus. Em herança legou-lhes como propriedade a pobreza e a paz; recomendou-lhes que orientassem sempre seus desejos para os bens eternos e se premunissem contra os perigos deste mundo. Encorajou-os, com toda a força persuasiva de sua palavra, a seguirem perfeitamente as pegadas de Jesus crucificado. Todos os seus filhos formavam por assim dizer uma coroa em volta do patriarca dos pobres; o santo, quase cego, não de velhice, mas por causa das lá grimas, e já às portas da morte, estendeu as mãos, entrecruzou os braços, como lhe aprazia muitas vezes, e abençoou todos os Irmãos, os ausentes como os presentes, pelo poder e no nome do Crucificado.
Em seguida, pediu que fosse lido o texto de São João que começa assim: "Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, havendo amado os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou..." (Jo 13,1). Queria ouvir nessa passagem do Evangelho o chamado do Bem-Amado que bate à porta, esse Bem-Amado de quem estava separado apenas pela simples parede da carne. Por fim, tendo-se realizado nele todos os planos de Deus, o bem-aventurado adormeceu no Senhor, rezando e cantando um salmo. Sua santíssima alma se desprendeu da carne para ser absorvida no abismo da claridade de Deus. Na mesma hora precisamente, um de seus Irmãos e companheiros, conhecido por sua santidade, viu a alma do santo subindo diretamente para o céu sob a forma de uma estrela esplêndida levada por branca nuvem que pairava sobre imensa extensão de água; alma rutilante de pureza, a reluzir os méritos acumulados, subia com toda a riqueza das graças recebidas e das virtudes que o tinham conformado à imagem de Deus, para gozar sem demora da visão da luz e da glória eternas.
Em louvor de Cristo. Amém!
Aproximava-se a hora. Mandou vir todos os Irmãos presentes então na Porciúncula e com algumas palavras de consolo para amenizar-lhes o pesar, exortou-os de todo seu coração de pai a amar a Deus. Em herança legou-lhes como propriedade a pobreza e a paz; recomendou-lhes que orientassem sempre seus desejos para os bens eternos e se premunissem contra os perigos deste mundo. Encorajou-os, com toda a força persuasiva de sua palavra, a seguirem perfeitamente as pegadas de Jesus crucificado. Todos os seus filhos formavam por assim dizer uma coroa em volta do patriarca dos pobres; o santo, quase cego, não de velhice, mas por causa das lá grimas, e já às portas da morte, estendeu as mãos, entrecruzou os braços, como lhe aprazia muitas vezes, e abençoou todos os Irmãos, os ausentes como os presentes, pelo poder e no nome do Crucificado.
Em seguida, pediu que fosse lido o texto de São João que começa assim: "Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, havendo amado os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou..." (Jo 13,1). Queria ouvir nessa passagem do Evangelho o chamado do Bem-Amado que bate à porta, esse Bem-Amado de quem estava separado apenas pela simples parede da carne. Por fim, tendo-se realizado nele todos os planos de Deus, o bem-aventurado adormeceu no Senhor, rezando e cantando um salmo. Sua santíssima alma se desprendeu da carne para ser absorvida no abismo da claridade de Deus. Na mesma hora precisamente, um de seus Irmãos e companheiros, conhecido por sua santidade, viu a alma do santo subindo diretamente para o céu sob a forma de uma estrela esplêndida levada por branca nuvem que pairava sobre imensa extensão de água; alma rutilante de pureza, a reluzir os méritos acumulados, subia com toda a riqueza das graças recebidas e das virtudes que o tinham conformado à imagem de Deus, para gozar sem demora da visão da luz e da glória eternas.
Em louvor de Cristo. Amém!
Texto: Jufra Frei Leão
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